terça-feira, 13 de janeiro de 2009

VIAGEM NO TREM

Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: nossos pais.
Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto.
Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós.
Embarcam nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse trem a passeio.
Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas.
E no trem há, também, pessoas que passam de vagão a vagão, prontas para ajudar a quem precisa.
Muitas descem e deixam saudades eternas.
Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso.
Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles.
Mas claro que isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessamos nosso vagão e chegarmos até eles.
O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos então, essa viagem, da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso.
Nós mesmos fraquejamos algumas vezes.
E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos.
E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim.
Deixar meus filhos viajando nele sozinhos será muito triste.
Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
E o que me deixa feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.
Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem as pessoas.
Minha expectativa aumenta, á medida que o trem vai diminuindo sua velocidade...
Quem entrará?
Quem sairá?
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo íntimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar.
Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de “todos os passageiros”.

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