quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A ÁRVORE DOS PROBLEMAS

Esta é uma história de um homem que contratou um carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda.
O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil.
O pneu do seu carro furou, a serra elétrica quebrou, cortou o dedo, e ao final do dia o seu carro não funcionou.
O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa.
Durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.
Quando chegaram à sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família.
Quando os dois homens estavam caminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos.
Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou-se.
Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa.
Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro.
Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou:
- Por que você tocou na planta antes de entrar em casa?
O carpinteiro respondeu:
- Ah! Esta é a minha Árvore dos Problemas. Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte; e você quer saber de uma coisa? Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A BORBOLETA NO CASULO

Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então  pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia  ir mais. Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas  amassadas.
O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava  que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da  sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para  passar através da pequena abertura era o modo com que a natureza fazia com  que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria  pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
“Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
Se passássemos esta nossa vida sem quaisquer obstáculos, nós não iríamos ser tão  fortes como poderíamos ter sido.
Eu quis Força... E recebi  Dificuldades para me fazer forte.
Eu quis Sabedoria... E recebi Problemas para resolver.
Eu quis Prosperidade... E recebi Cérebro e Músculos para trabalhar.
Eu quis Coragem... E recebi Perigo para superar.
Eu quis Amor... E recebi pessoas com Problemas para ajudar.
Eu quis Favores... E recebi Oportunidades.
Eu não tive nada do que quis... Mas eu recebi tudo de que precisava”.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A ÁGUIA E AS GALINHAS

Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas.
Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse. Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar como camponês:
- Isto não é uma galinha, é uma águia!
O camponês retrucou:
- Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha!
O naturalista disse:
- Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa...
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse:
- Voa, você é uma águia, assuma sua natureza!
Mas a águia não voou, e o camponês disse:
- Eu não falei que ela agora era uma galinha!
O naturalista disse:
- Amanhã, veremos...
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha.
O naturalista levantou a águia e disse:
- Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas.
Continuou:
- Desperte para sua natureza, e voe como águia que és!
A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no inicio, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilaram, de vagar, suas asas e partiu num vôo lindo, até que desapareceu no horizonte azul.
“Criam as pessoas como se galinhas fossem, porém, elas são águias. Por isso, todos podemos voar, se quisermos. Voe cada vez mais alto, não se contente com os grãos que lhe jogam para ciscar. Nós somos águias, não temos que agir como galinhas, como querem que a gente seja. Pois com uma mentalidade de galinha fica mais fácil controlar as pessoas, elas abaixam a cabeça para tudo, com medo. Conduza sua vida de cabeça erguida, respeitando os outros, sim, mas com medo, nunca!”

domingo, 28 de dezembro de 2008

A ÁGUA, O FOGO E A CORAGEM

Uma história conta que, certa vez a Água, o Fogo e a Coragem resolveram percorrer uma floresta fechada. Ao entrar na mata, o Fogo disse:
- Meus amigos, estamos entrando nesta grande floresta e caso eu me perca, por favor, perguntem à Fumaça, e logo vocês me encontrarão.
A Água disse então:
- Caso eu me perca, vocês podem perguntar para as Nuvens que indicarão onde eu estou.
Em vista disso a Coragem disse:
- Pessoal, eu estou entrando nesta mata, e caso vocês me percam, infelizmente vocês não mais me encontrarão.
 “A mesma coisa acontece hoje, todos nós nascemos com coragem, somos seres únicos e exclusivos, mas se em algum momento perdemos a coragem jamais conseguiremos encontrá-la, por isso reacenda a coragem dentro de você!”

sábado, 27 de dezembro de 2008

A FORÇA E A CORAGEM

É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar em pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.
Se você sente que lhe faltam a força e a coragem, queira Deus que o mundo possa abraçá-lo hoje com seu calor e Amor!
E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um Amigo, em algum lugar do Mundo, desejando que você esteja bem e que, acima de tudo, seja muito feliz! 

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A FOLHA AMASSADA

Quando criança, por causa do meu caráter impulsivo, tinha raiva a menor provocação.
Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes me sentia envergonhado e me esforçava por consolar quem tinha magoado.
Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas, depois de uma explosão de raiva, entregou-me uma folha de papel lisa e me disse:
- Amasse-a.
Com medo obedeci e fiz com ela uma bolinha.
- Agora, deixe-a como estava antes - voltou a me dizer.
Óbvio que não pude deixá-la como antes, por mais que tentasse, o papel continuava cheio de pregas, o professor me disse, então:
- O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que neles deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim, aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sinto vontade de estourar, lembro daquele papel amassado.
A impressão que deixamos nas pessoas é impossível de apagar. Quando magoamos alguém com nossas ações ou com nossas palavras logo queremos consertar o erro, mas é tarde demais... Alguém já disse certa vez: “Fale somente quando suas palavras possam ser tão suaves como o silêncio, mas não deixe de falar, por medo da reação do outro, acredite, principalmente em seus sentimentos”.
“SEREMOS SEMPRE RESPONSÁVEIS PELOS NOSSOS ATOS, NUNCA SE ESQUEÇA DISSO.
Devemos ser cuidadosos com nossas palavras, principalmente quando consideramos o poder que uma única frase dita sem pensar tem de fazer tanto o bem quanto o mal”.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A FLOR

Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que pagava muitíssimo bem, uma família unida. O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo isso, o trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas áreas. Se o trabalho consumia muito tempo, ela tirava dos filhos, se surgiam problemas, ela deixava de lado o marido. E assim as pessoas que ela amava eram sempre deixadas para depois. Até que um dia seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: uma flor muito cara e raríssima, da qual havia apenas um exemplar em todo o mundo. E disse a ela: “filha, esta flor vai te ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando, às vezes conversar um pouquinho com ela, e ela dará em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores”. A jovem ficou emocionada, afinal a flor tinha uma beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo, e a vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor. Ela chegava em casa olhava a flor e as flores ainda estavam lá, não mostravam nenhum sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto. Estavam, ressecadas, suas flores caídas e suas folhas amarelas. A jovem chorou muito e contou para o seu pai o que havia acontecido. Seu pai então respondeu: “Eu imaginava que isso aconteceria, e eu não posso te dar outra flor porque não existe outra igual a essa, ela era única, assim como seus filhos, seu marido, e sua família. Todos são bênçãos que o senhor te deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor lá, sempre florida, sempre perfumada, e se esqueceu de cuidar dela. Cuide das pessoas que você ama!”
E você? Tem cuidado das bênçãos de Deus tem te dado? Lembre-se da flor, pois como elas são as bênçãos do Senhor: Ele nos dá, mas nós é que temos que cuidar delas.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A DIFERENÇA ENTRE SER E ESTAR

Um dia aprendi a diferença entre ser e estar.
Aprendi que, por pior que seja um problema ou uma situação, sempre existe uma saída.
Aprendi que é bobagem fugir das dificuldades. Mais cedo ou mais tarde será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.
Aprendi que perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.
Aprendi que é necessário um dia de chuva para dar valor ao Sol. Mas se ficar exposto muito tempo, o Sol queima.
Aprendi que heróis não são aqueles que realizam obras notáveis, mas os que fizeram o que foi necessário e assumiram as conseqüências dos seus atos.
Aprendi que não vale a pena se tornar indiferente ao mundo e às pessoas. Vale menos a pena, ainda, fazer coisas para conquistar migalhas de atenção.
Aprendi que não importa em quantos pedaços meu coração já foi partido. O mundo nunca parou para que eu pudesse consertá-lo.
Aprendi que, ao invés de ficar esperando alguém me trazer flores, é melhor plantar um jardim.
Aprendi que amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de me fazer feliz. Cabe a mim a tarefa de apostar nos meus talentos e realizar os meus sonhos.
Aprendi que o que faz diferença não é o que tenho na vida, mas QUEM eu tenho. E que boa família são os amigos que escolhi.
Aprendi que as pessoas mais queridas podem às vezes me ferir. E talvez não me amem tanto quanto eu gostaria, o que não significa que não me amem muito. Talvez seja o máximo que conseguem. Isso é o mais importante.
Aprendi que toda mudança inicia um ciclo de construção, se você não se esquecer de deixar a porta aberta.
Aprendi que o tempo é muito precioso e não volta atrás. Por isso, não vale a pena resgatar o passado. O que vale a pena é construir o futuro. O meu futuro ainda está por vir. Foi, então, que aprendi que devemos descruzar os braços e vencer o medo de tentar partir atrás dos sonhos.
A vida tem valor e você tem valor diante da vida!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A CORRIDA DOS SAPINHOS

Era uma vez uma corrida... De sapinhos.
O objetivo era atingir o alto de uma grande torre. Havia no local uma multidão assistindo. Muita gente para vibrar e torcer por eles.
Começou a competição. Mas como a multidão não acreditava  que os sapinhos pudessem alcançar o alto daquela torre, o que mais se ouvia era: "Que pena! Esses sapinhos não vão conseguir. Não vão conseguir".
E os sapinhos começaram a Demeter. Mas havia um que persistia e continuava a subida, em busca do topo.
A multidão continuava gritando: “Pena! Vocês não vão conseguir”.
E os sapinhos estavam mesmo desistindo um por um, menos aquele sapinho que continuava tranqüilo, embora arfante.
A curiosidade tomou conta de todos. Queriam  saber o que tinha acontecido.
E assim, quando foram perguntar ao sapinho como ele havia conseguido concluir a prova, descobriram que  ele era surdo.
“Não permita que pessoas com o péssimo hábito de serem negativas derrubem as melhores e mais sábias esperanças de seu coração. Lembre-se sempre: há poder em nossas palavras e em tudo o que pensamos. Seja Positivo!”

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A PONTE

Conta-se que, certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito.  Foi a primeira grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado, repartindo as ferramentas e cuidando um do outro.
Durante anos eles percorreram uma estrada estreita e muito comprida,  que seguia ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e desfrutar um da companhia do outro.
Apesar do cansaço, faziam a caminhada com prazer, pois se amavam. Mas agora tudo havia mudado. O que começara com um pequeno mal entendido finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem na sua porta. Ao abri-la notou um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro na mão. Estou procurando trabalho - disse ele. Talvez você tenha um pequeno serviço que eu possa executar.
- Sim! - disse o fazendeiro - Claro que tenho trabalho para você. Veja aquela fazenda além do riacho. É do meu vizinho. Na realidade, meu irmão mais novo.
- Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você construa uma cerca bem alta ao longo do rio para que eu não precise mais vê-lo.
Acho que entendo a situação - disse o carpinteiro.
Mostre-me onde estão a pá e os pregos que certamente farei um trabalho que lhe deixará satisfeito. Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpinteiro a encontrar o material e partiu.
O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia: medindo, cortando e pregando. Já anoitecia quando terminou sua  obra.  O fazendeiro chegou da sua viagem e seus olhos não podiam acreditar no que viam. Não havia qualquer cerca!
Em vez da cerca havia uma ponte que ligava as duas margens do riacho.  Era realmente um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
- Você foi muito atrevido construindo essa ponte após tudo que lhe contei. No entanto, as surpresas não haviam terminado. Ao olhar novamente para a ponte, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo com os braços abertos.
Por um instante permaneceu imóvel de seu lado do rio. Mas, de repente, num só impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se chorando no meio da ponte.
O carpinteiro estava partindo com sua caixa de ferramentas quando o irmão que o contratou pediu-lhe emocionado:
- Espere! Fique conosco mais alguns dias.
E o carpinteiro respondeu: -eu adoraria ficar, mas, infelizmente, tenho muitas outras pontes para construir.
E você, está precisando de um carpinteiro ou é capaz de construir sua própria ponte para se aproximar daqueles com os quais rompeu contato?
Há uma razão muito especial para elas fazerem parte do seu círculo de relação. Por isso, não busque isolar-se construindo cercas que separam e infelicitam os seres.
Construa pontes e busque caminhar na direção daqueles que, porventura, estejam distanciados de você. E se a ponte da relação está um pouco frágil, ou balançando por causa dos ventos da discórdia, fortaleça-a com os laços do entendimento e da verdadeira amizade.  Agindo assim, você suprirá suas carências afetivas e encontrará a paz íntima que tanto deseja.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A PALAVRA

Era uma vez um pescador chamado Drid. Era um homem distinto, era vigoroso, de ar franco e seu olhar, quando ele ria, era tão vivo quanto o sol. Ora, eis o que lhe aconteceu:
Uma manhã, quando ele andava ao longo da praia, com sua vara de pesca sobre as costas, o rosto ao vento e os pés na areia molhada pelo movimento das ondas, encontrou em seu caminho um crânio humano. Esta parte humana depositada entre as algas secas, excitou imediatamente seu humor alegre e brincalhão. Ele parou diante do crânio, se inclinou e disse:
- Crânio, pobre crânio quem te conduziu até aqui?
Ele riu, não esperando nenhuma resposta. No entanto os maxilares esbranquiçados da peça se abriram num rangido e o pescador escutou esta simples frase:
- A palavra...
Drid saltou para trás; ficou um momento afoito como um animal assustado; depois vendo a cabeça do velho defunto tão imóvel e inofensiva quanto uma pedra, pensou ter-se enganado por algum sussurro da brisa, reaproximou-se prudentemente e repetiu, a voz tremendo, sua questão:
- Crânio, pobre crânio, quem te conduziu até aqui?
- "A palavra..." respondeu o interpelado, desta vez com um quê de impaciência
dolorosa, e uma indiscutível clareza.
Então Drid levou os punhos ao peito, soltou um grito de pavor; recuou, os olhos esbugalhados, deu meia volta e correu com os braços para o céu, como se mil diabos estivessem em seu encalço. Ele correu assim até sua aldeia.
Entrou como um raio nos aposentos de seu rei. O rei era um homem gordo que estava majestosamente sentado à mesa, degustando sua refeição matinal. Drid caiu a seus pés e, todo suado e arfando, disse:
- "Rei, na praia, lá longe, há um crânio que fala".
- "Um crânio que fala!", exclamou o rei. "Homem, estás sóbrio?"
- "Sóbrio, eu? Misericórdia eu não bebi desde ontem mais que uma cabaça de leite de cabra... Rei venerado, eu te suplico que acredite em mim, e eu ouso novamente afirmar que encontrei agora a pouco, quando eu ia à minha pesca cotidiana, um crânio tão perfeitamente falante como qualquer ser vivente".
- "Eu não acredito em nada disto, respondeu o rei. No entanto é possível que tu digas a verdade. Neste caso, não quero arriscar-me a ser o último a ver e ouvir esta considerável manifestação de um morto. Mas te previno: se por engano ou má intenção tu foste levado a vir contar-me uma lorota, homem de nada, tu o pagarás com tua cabeça!"
- "Eu não temo tua cólera, rei perfeito, porque sei bem que não menti", disse Drid, correndo já em direção à porta.
O rei estralou os dedos, tomou seu sabre, colocou-o na cintura e se foi trotando atrás de sua guarda, com Drid, o pescador.
Caminharam ao longo do mar até o monte de algas onde estava o crânio. Drid se inclinou e acariciando amavelmente sua fronte rochosa disse:
- "Crânio, eis diante de ti o rei da minha aldeia. Peço, por favor, diga-lhe algumas palavras de boas vindas".
Nenhum som saiu das mandíbulas de osso. Drid se ajoelhou, o coração batendo mais rápido.
- "Crânio, por piedade, fale. Nosso rei tem uma orelha fina, um murmúrio lhe será suficiente. Diga-lhe, eu te suplico, quem te trouxe até aqui".
O crânio miraculoso não pareceu entender mais que um crânio vulgar; permaneceu tão firmemente depositado quanto o mais medíocre dos crânios, tão mudo quanto um crânio imperturbavelmente instalado na sua definitiva condição de crânio, sob o grande sol entre as algas secas. Pois, calou-se obstinadamente.
O rei, fortemente irritado por ter sido incomodado por nada, tirou seu sabre da cintura com um rápido movimento.
- "Maldito mentiroso!", disse ele.
E sem outro julgamento, de um golpe certeiro arrancou a cabeça de Drid. Após o que, voltou reclamando para os seus assuntos de rei, ao longo das ondas.
Então, enquanto o rei se distanciava, o crânio abriu enfim seus maxilares rangendo e disse à cabeça do pescador que, rolando sobre a areia, viera juntar-se à sua, face contra face:
- "Cabeça, pobre cabeça, quem te conduziu até aqui?"
A boca de Drid se abriu, a língua de Drid saiu entre seus dentes e a voz de Drid respondeu:
- "A palavra".

sábado, 20 de dezembro de 2008

A MOSCA

Contam que certa vez duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente, assim logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou.
Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, e, por isto continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e dali levantar vôo para algum lugar seguro.
Durante anos, ouvimos esta primeira parte da história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo".
A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta afundou no copo cheio de água.
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças no ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados até que afundamos na nossa própria falta de visão?
Fazemos isto quando não conseguimos ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos aponta como solução mais eficaz e, assim, perdemos a oportunidade de "reenquadrar" nossa experiência e ficamos paralisados, presos aos velhos hábitos, com medo de errar.
"Reenquadrar" é uma das ferramentas que treinadores tem oportunidade de usar no apoio ao aprendizado e crescimento de clientes. Pessoas que já perceberam que nem sempre esposo, pais, amigos, familiares ou mesmo o conselheiro espiritual pode mostrar-lhes a visão isenta do ambiente ou da situação que estão vivendo.
"Reenquadrar" é permitir-se olhar a situação atual como se ela fosse inteiramente diferente de tudo que já vivemos.
"Reenquadrar" é buscar ver através de novos ângulos, de forma a perceber que, fracasso ou sucesso, tudo pode ser encarado como aprendizagem.
Desta forma, todo o medo se extingue e toda experiência é como uma nova porta que pode nos levar à energia que precisamos, à motivação de continuar buscando o que queremos, à auto-estima que nos sustenta.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A MAIS BELA FLOR

O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.
Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar.
E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar. Ele parou na minha frente cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água ou luz.
Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei. Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei; íei-la, é sua.
A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá.
Então me estendi para pegá-la e respondi:
- O que eu precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.
Ouvi minha voz sumir, lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.
- De nada, ele sorriu.
E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem autopiedoso sob um velho carvalho.
Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente?
Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU.
E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu. E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:
- Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente, o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito.  Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.
Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo.
Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe se aproxima do menino e lhe pergunta:
- Filho como está se sentindo agora? Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.
O pai, então, lhe diz ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você. O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem fica sempre em nós mesmos.
Cuidado com seus pensamentos; eles se transformam em palavras.
Cuidado com suas palavras; elas se transformam em ações.
Cuidado com suas ações; elas se transformam em hábitos.
Cuidado com seus hábitos; eles moldam o seu caráter.
Cuidado com seu caráter; ele controla o seu destino.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PROBLEMA TEM QUE SER SUPERADO

Conta uma história que certa vez em um castelo, foi preciso encontrar um substituto do Guardião. O chefe dos guardiões convocou todos os discípulos para saber quem seria o novo guardião. O chefe disse:
- Assumirá o posto quem resolver o problema primeiro.
Então pegou um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa muito bela e disse:
- Eis o problema.
Todos ficaram olhando e não sabiam o que fazer. Neste instante um dos discípulos sacou a espada, olhou para o mestre e dirigiu-se ao vaso e destruiu tudo com um só golpe.
Tão logo o discípulo retornou ao seu lugar e o mestre disse:
- Você será o novo guardião.
“Não importa qual o problema, ele precisa ser eliminado. Problema é problema e deve ser resolvido mesmo que seja ou que tenha sido lindo e maravilhoso. No instante em que se transformou em problema deve ser superado”.

domingo, 30 de novembro de 2008

A FÁBULA DOS FABULOSOS

Era uma vez um homem que vivia à beira de uma estrada e que vendia cachorro quente. Ele não ouvia bem, por isso não tinha rádio. Ele tinha problemas com os olhos, por isso não lia jornais. Mas ele vendia bons cachorros quentes, colocava cartazes pela estrada, fazendo propaganda da qualidade dos cachorros quentes, ele ficava à beira da estrada e oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava. Lentamente foi aumentando as vendas e também cada vez mais aumentava a compra de carne e de pão. Também comprou um fogão maior para melhor atender os fregueses e o negócio prosperava. Conseguiu dar boa escola ao filho. Finalmente o filho já formado voltou para casa, para ajudar o pai. Mas então uma coisa aconteceu, o filho falou para o pai:
- Pai, então você não ouve rádio? Você não lê jornais? Há uma grande crise no mundo, a situação na Europa é terrível. A situação aqui no pais é ainda pior, tudo está indo para o "vinagre"!
O pai pensou:
"Bem, o meu filho estudou, lê jornais, ouve rádio e só pode estar com razão".
O pai foi diminuindo as compras de carne e pão, colocava mais água no molho de tomate, passou a comprar produtos mais baratos e inferiores para os ingredientes, tirou os cartazes de propaganda, já não mais forçava a venda em voz alta, abatido pelas notícias de crises. As vendas foram caindo, foram caindo...
O pai falou para o filho:
- Você estava certo meu filho, nós realmente estamos no meio de uma grande crise.
A CRISE EXISTE PARA AQUELES QUE ACREDITAM NA CRISE!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O COELHO E O CACHORRO

Eram dois vizinhos. O primeiro vizinho comprou um coelhinho para os filhos. Os filhos do outro vizinho pediram um bicho para o pai. O homem comprou um pastor alemão. Papo de vizinho:
- Mas ele vai comer o meu coelho.
- De jeito nenhum. Imagina! O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, pegar amizade. Entendo de bicho. Problema nenhum.
E parece que o dono do cachorro tinha razão. Juntos cresceram e amigos ficaram. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa.
As crianças, felizes. Eis que o dono do coelho foi passar o final de semana na praia com a família e o coelho ficou sozinho.
Isso na sexta-feira. No domingo, de tardinha, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche, quando entra o pastor alemão na cozinha.
Pasmo, trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, arrebentado, sujo de terra e, é claro, morto. Quase mataram o cachorro.
- O vizinho estava certo. E agora!?
- E agora eu é que quero ver!
A primeira providência foi bater no cachorro, escorraçar o animal, para ver se ele aprendia um mínimo de civilidade e boa vizinhança.
- Claro, só podia dar nisso.
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar.
- E agora?
Todos se olhavam. O cachorro rosnando lá fora, lambendo as pancadas.
- Já pensaram como vão ficar as crianças?
- Cala a boca!
Não se sabe exatamente de quem foi a ideia, mas era infalível.
- Vamos dar um banho no coelho, deixar ele bem limpinho, depois a gente seca com o secador da sua mãe e o colocamos na casinha dele no quintal.
Como o coelho não estava muito estraçalhado, assim fizeram.
Até perfume colocaram no falecido.
- Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças.
E lá foi colocado, com as perninhas cruzadas, como convém a um coelho cardíaco. Umas três horas depois eles ouvem a vizinhança chegar. Notam o alarido e os gritos das crianças.
- Descobriram!
Não deram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta.
Branco, lívido, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
- O que foi? Que cara é essa?
- O coelho... O coelho...
- O que tem o coelho?
- Morreu!
Todos:
- Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem...
- Morreu na Sexta-feira!
- Na Sexta?
- Foi. Antes de a gente viajar as crianças enterraram ele no fundo do quintal!

A história termina aqui. O que aconteceu depois não importa. Nem ninguém sabe. Mas o personagem que mais cativa nesta história toda, o protagonista da história, é o cachorro.
Imagine o pobre do cachorro que, desde sexta-feira, procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho.
Depois de muito farejar descobre o corpo, morto, enterrado. O que faz ele?
Provavelmente com o coração partido, desenterra o pobrezinho e vai mostrar para os seus donos.
Provavelmente estivesse até chorando, quando começou a levar pancada de tudo quanto é lado.
O cachorro é o herói. O bandido é o dono do cachorro. O ser humano. Sim, nós mesmos, que não pensamos duas vezes. Para nós o cachorro é o irracional, o assassino confesso.
E o homem continua achando que um banho, um secador de cabelos e um perfume disfarçam a hipocrisia, o animal desconfiado que tem dentro de nós.
Julgamos os outros pela aparência, mesmo que tenhamos que deixar esta aparência como melhor nos convier. Maquiada.
Coitado do cachorro. Coitado do dono do cachorro.
Coitado de nós, animais racionais.
Preciosa Colaboração de Carlos Norio Inokawa carlos.norio@ig.com.br

A COBRA

No vedas, narra-se uma história sobre uma cobra que estava aterrorizando uma cidade. Ela picava e matava as pessoas.
Certo sábio veio á cidade, pregando a filosofia do amor e da compreensão espiritual. Por acaso, a cobra ouviu uma de suas palestras e, comovida, resolveu pôr em prática os seus ensinamentos. Teve uma espécie de ruptura com os antigos hábitos, fez o juramento de nunca mias ser má ou picar as pessoas. Durante cerca de um mês mais ou menos, teve um comportamento de santa. Enquanto isso, o sábio deixou a cidade e prosseguiu seu roteiro de viagem. Ocasionalmente, retornou à cidade em que a cobra vivia. Encontrou-se com ela outra vez, mas a cobra poderosa de antes era agora apenas um trapo – espezinhada, abatida, jogada de um lado para outro e explorada por todos. Ela foi ao encontro do sábio e lhe disse:
- Quero meu dinheiro de volta. Tentei a sua filosofia do amor e da compreensão espiritual, e veja como fiquei. Agora eu deveria estar iluminada, mas olhe para mim, estou quase morta.
O sábio respondeu sucintamente:
- Eu nunca lhe disse para deixar o seu silvo.

Alguns podem achar que ser espiritual, iluminado ou místico significa jamais ficar zangado: "Meditei duas vezes por dia, portanto não devo ser uma pessoa irada". Mas lembre-se, você tem o direito de protestar. O silvo é saudável quando algo ameaça ultrapassar os seus limites, postando-se no caminho do seu desenvolvimento ou impedindo que se avance. Caso contrário, pode-se terminar como a cobra abatida.
Preciosa colaboração de Mari Inada madahh@uol.com.br

A IGUALDADE DA VIDA E DA MORTE

Quando a mulher de Chuang Tzu morreu, Hui Tzu foi oferecer-lhe suas condolências e juntar-se aos ritos de luto. Ele encontrou Chuang Tzu sentado no chão, tamborilando numa panela invertida sobre seus joelhos e cantando.
- Afinal de contas, disse Hui Tzu, alguém viveu contigo, educou os filhos para ti, envelheceu junto contigo e agora morreu. Que tu não vertas lágrimas por ela é muito ruim, mas agora, tamborilar e cantarolar, isto já é demais!
- Tu me julgas mal, disse Chuang Tzu. Quando ela morreu, eu fui tomado de desespero, como outro qualquer homem que bem poderia estar. Mas cedo, ponderando sobre o que tinha ocorrido, eu disse a mim mesmo que na morte nenhum novo destino nos acomete. No princípio ela carecia de vida; e não só de vida, mas também de forma; não só de forma mas também de espírito. Ela estava mesclada à grande, indistinguível e informe massa. Então com o tempo veio a transformação e no bojo da massa desenvolveu-se o espírito, do espírito desenvolveu-se a forma, da forma desenvolveu-se a vida, e agora da vida por sua vez, desenvolveu-se a morte. Porque não só a Natureza mas o ser humano também tem as suas estações, sua seqüência de primavera e outono, verão e inverno. Se alguém está cansado e tenha ido deitar-se, nós não vamos no seu encalço com gritaria e berros. Aquela que eu perdi foi se deitar para dormir na Grande Câmara (universo). Irromper no meio do seu repouso com o som da lamentação demonstraria que eu não soubesse nada acerca do destino. Eis por que eu parei de lamuriar.
Preciosa Colaboração de Sabrina Profili - saprofili@bol.com.br

Cenoura, Ovo ou Café

Uma filha se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis para ela. Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir.
Estava cansada de lutar e combater. Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia.
Seu pai, um "chef", levou-a até a cozinha dele. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Logo as panelas começaram a ferver.
Em uma ele colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra.
A filha deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo. Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás. Pescou as cenouras e as colocou em uma tigela. Retirou os ovos e os colocou em uma tigela. Então pegou o café com uma concha e o colocou em uma tigela.
Virando-se para ela, perguntou "Querida, o que você está vendo?"
"Cenouras, ovos e café," ela respondeu.
Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras.
Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias.
Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse.
Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café.
Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso.
Ela perguntou humildemente: "O que isto significa, pai?"
Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, água fervendo, mas que cada um reagira de maneira diferente.
A cenoura entrara forte, firme e inflexível. Mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e se tornara frágil.
Os ovos eram frágeis. Sua casca fina havia protegido o líquido interior. Mas depois de terem sido colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rigido.
O pó de café, contudo, era incomparável. Depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água.
"Qual deles é você?" ele perguntou a sua filha. "Quando a adversidade bate a sua porta, como você responde? Você é uma cenoura, um ovo ou um pó de café?"
E você?
Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a adversidade você murcha e se torna frágil e perde sua força?
Será que você é como o ovo, que começa com um coração maleável? Você teria um espírito maleável, mas depois de alguma morte, uma falência, um divórcio ou uma demissão, você se tornou mais difícil e duro? Sua casca parece a mesma, mas você está mais amargo e obstinado, com o coração e o espírito inflexíveis?
Ou será que você é como o pó de café? Ele muda a água fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a 100 graus centígrados. Quanto mais quente estiver a água, mais gostoso se torna o café. Se você é como o pó de café, quando as coisas se tornam piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.
Como você lida com a adversidade?
Você é uma cenoura, um ovo ou café?
Autor desconhecido ou ignorado
Preciosa Colaboração de Sueli Ogawa
 sogawa@uol.com.br