terça-feira, 1 de janeiro de 2008

A IGUALDADE DA VIDA E DA MORTE

Quando a mulher de Chuang Tzu morreu, Hui Tzu foi oferecer-lhe suas condolências e juntar-se aos ritos de luto. Ele encontrou Chuang Tzu sentado no chão, tamborilando numa panela invertida sobre seus joelhos e cantando.
- Afinal de contas, disse Hui Tzu, alguém viveu contigo, educou os filhos para ti, envelheceu junto contigo e agora morreu. Que tu não vertas lágrimas por ela é muito ruim, mas agora, tamborilar e cantarolar, isto já é demais!
- Tu me julgas mal, disse Chuang Tzu. Quando ela morreu, eu fui tomado de desespero, como outro qualquer homem que bem poderia estar. Mas cedo, ponderando sobre o que tinha ocorrido, eu disse a mim mesmo que na morte nenhum novo destino nos acomete. No princípio ela carecia de vida; e não só de vida, mas também de forma; não só de forma mas também de espírito. Ela estava mesclada à grande, indistinguível e informe massa. Então com o tempo veio a transformação e no bojo da massa desenvolveu-se o espírito, do espírito desenvolveu-se a forma, da forma desenvolveu-se a vida, e agora da vida por sua vez, desenvolveu-se a morte. Porque não só a Natureza mas o ser humano também tem as suas estações, sua seqüência de primavera e outono, verão e inverno. Se alguém está cansado e tenha ido deitar-se, nós não vamos no seu encalço com gritaria e berros. Aquela que eu perdi foi se deitar para dormir na Grande Câmara (universo). Irromper no meio do seu repouso com o som da lamentação demonstraria que eu não soubesse nada acerca do destino. Eis por que eu parei de lamuriar.
Preciosa Colaboração de Sabrina Profili - saprofili@bol.com.br

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